28 de abril de 2021 

Esse caso se ava, na casa de Antônio Jó. Antônio tem oito filhos. Levou um pão para casa. Todos queriam o bico, mas o pão era um só. (Monsueto Campos Menezes)

Despensa vazia

Em consequência da diminuição da distribuição nacional da vacina CoronaVac/Butantã por parte do laboratório produtor, a Prefeitura de Mangaratiba informa que a partir dessa terça-feira, foi suspensa aplicação da segunda dose da vacina CoronaVac contra a COVID-19 no município. A imunização só será retomada quando houver fornecimento de novos lotes da vacina. O cronograma de vacinação com o imunizante AstraZeneca/Oxford continua sendo realizado normalmente. Neste momento, estão sendo vacinados com a 1° dose, idosos de 60 a 64 anos e profissionais de segurança e salvamento, mediante agendamento prévio.

Despensa vazia II

Há quem defina a alienação como “a falta de consciência por parte do ser humano de que ele possui um grau de responsabilidade na formação do mundo a seu redor”. Na atual crise de pandemia e mesmo com o número crescente de mortes no município, o que temos visto é a atuação solitária do executivo municipal se desdobrando em esforços para dar conta de tudo o que decorre do fenômeno. De outra parte, observa o GAP-Mangaratiba, um grupo de moradores que se propõe a acompanhar, de forma independente, o desempenho dos agentes públicos, cobrando transparência e eficiência em suas decisões: “No dia em que foi anunciado pela imprensa a suspensão temporária da segunda dose da vacinação no município de Mangaratiba (Coronavac), a Câmara de vereadores, em sessão longa, se debruçava sobre leituras de atas, indicações irrelevantes, moções de congratulações e devaneios. No último sábado o GAP deu repercussão ao caso da merenda escolar, conforme a reportagem veiculada pelo Jornal RJ2, mas pouco ou nada se falou, a não ser um pedido da tribuna de determinado vereador tido como opositor para fotografar o recebimento da merenda. O GAP pergunta: Não cabe ao vereador ou as comissões formadas, um acompanhamento permanente ou monitoramento da vacinação nos postos do município? Este assunto não é de interesse público ou indicação para criação de cursinho preparatório e homenagens a autoridades têm mais importância nesse momento de pandemia?”

Nem só covid

ados mais de quatorze meses do início da atual pandemia, não mais se fala em outras doenças tão graves quanto e até fatais, como a citada nessa reportagem da BBC. “Depois de mais de uma década de avanços constantes no combate à malária, o progresso se estabilizou. Segundo o último World Malaria Report 2018 da OMS, não foram obtidos ganhos significativos na redução dos casos no período de 2015 a 2017. O número estimado de mortes por malária em 2017, mais de 435.000 pessoas, permaneceu praticamente inalterado em relação ao ano anterior. É necessária uma ação urgente para que a resposta global à malária seja retomada. O desafio está nas mãos dos países mais afetados pela doença (entre eles o Brasil), para que o tema seja mantido no topo da agenda política, mobilize recursos e capacite as comunidades para que se responsabilizem pela prevenção e pelo tratamento da malária. A malária é uma doença infecciosa febril aguda transmitida pela picada da fêmea do mosquito Anopheles, infectada pelo microrganismo Plasmodium”.

Reflexão

Há que se proteger as crianças, sim. Acolher, ensinar, mostrar, educar, viver o que se educa. Há que se aproveitar a infância, sim. Deixar brincar, deixar correr, deixar machucar para depois sarar, deixar errar para depois corrigir, deixar chorar, deixar perder para saber ganhar e valorizar o processo da conquista. Ou aceitar o peso da perda. E elaborar. E internalizar. Há que se deixar a inocência ser vivida na época certa. Sem grandes problemas ou preocupações que não pertencem a esta fase. Não é preciso “adultizar” a criança para prepara-la para a vida, não é preciso acelerar o processo, não é preciso aumentar as atividades extras, falar várias línguas ou fazer vários cursos antes do tempo. O mundo não é uma corrida de velocidade. Ou, não deveria ser. E se é, devemos todos rever porque estamos fazendo parte desta corrida maluca. Há que se estimular as crianças, sim. Na medida certa. Sem exageros, sem ultras tecnologias. Não é preciso abrir mão delas, mas também não é preciso viver em função do novo, do moderno. Ainda existe o quintal de casa, a rua, as árvores, os pássaros, a terra, a água. E, pasmem, dá para brincar sem brinquedos! E, pasmem mais ainda, as crianças sabem fazer isto, se deixarmos! É que não deixamos. Estamos sempre tentando colocar algo para que elas façam, para que aprendam. E muitas vezes não é preciso. Basta deixar brincar.

Segue

Há que se respeitar o ritmo da vida, aquele, natural: de que cada coisa tem seu tempo, sua hora. E que muitas vezes o mais simples é o melhor. Voltar nossos olhos para o natural. E permitir que as crianças vivam suas próprias experiências e resolvam seus próprios pequenos problemas, que vão lhes ensinar como agir, como dividir, como entender, como respeitar. E deixar os planos mirabolantes, a ideia do filho vencedor, no sentido de riquezas e “super” empregos e carreiras, para outro dia, se é que isto é realmente prioridade para você. Vamos voltar a pensar nas crianças felizes, sujas de areia e cores brincando, simplesmente, que é o que acontece quando se encontram ou mesmo quando estão sozinhas: elas e a imaginação. E vamos deixar as crianças aprenderem a sentir. Sem intermediarmos tudo, viver por elas ou evitar certos sentimentos e sofrimentos. Todos eles fazem parte da vida. E aí está a riqueza de estarmos aqui. (Luciene Pugliesi Rebonato)